Histórico e Fatos em Destaque

              Parque Regional de Manutenção/3 em Santa Maria,RS

        O PqRMnt/3 foi  criado em 1944,  durante a 2[ª Guerra Mundial, iniciando suas atividades na capital gaúcha, na Rua dos Andradas, próximo ao Depósito de Material de Manutenção. Seu objetivo principal era realizar a manutenção de veículos militares pertencentes às Unidades da 3ª Região Militar situados no RGS.   
         Havendo necessidade de ampliar a  produção  e a diversificação de serviços, a área física disponível não permitia qualquer ampliação. A mudança de local tornou-se imperiosa, devendo agregar outros componentes da atividade militar que contemplasse uma posição estratégica e ficasse próximo das unidades a serem apoiadas.
         Santa Maria, reunindo todos os itens requeridos, foi selecionada para sediar as novas instalações do Parque, no local denominado Passo da Areia. As obras iniciaram por volta de 1948 e, no início dos anos 50, já funcionava com todas as secções da sede anterior.
         Os primeiros prédios construídos foram: Pavilhão das Oficinas Produtoras, Prédio da Cia de Comando e Serviço, Prédio do Rancho com Cassino dos Oficiais, dos Sub-Ten e Sargentos e Refeitório das Praças, Prédio da Usina de Energia Elétrica, Pavilhão das Oficinas Auxiliares ,  Garagens e abrigos, CS4 e Corpo da Guarda, além de pequenas construções de apoio.
         As dificuldades surgiam de todos os lados, tanto na adaptação ao novo local quanto à complementação do quadro de pessoal que resistia em permanecer na capital devido a interesses familiares e econômicos.  O acesso ao local  se dava pela Rua Ernesto Becker, passando em pontilhão na travessia do Arroio Cadena com  estrada de chão, tendo muita lama no inverno e poeira no verão.
          O efetivo de pessoal no começo era constituído, conforme listado abaixo,  indo até 1967:
 Comando: Maj Durval Chaves, Cel José Miranda Barcia(Diretor 1) seguido pelo Ten-Cel Marcos de Jesus Pereira Porto(Diretor 2); Cel Aroldo (Eng. Técnico Mec e Eletricista, Maj Danilo do Couto Camino(Sub-Diretor), Cap Aberides Rosário Pitelli(Dir. Téc), Cap Guilherme Kapp(Eng. Eletricista)

 a – Secção Administrativa:
         1º Tem Lobato, 1º Sgt Narciso Reis de Camargo, 2º Sgt Quilião,  3º Sgt Renê, 2º Sgt Ely, 3º Sgt Nardin, 3º Sgt João Giraldi e outros.
 b – Cia de Comando e Serviço:
        Cmt da Cia: Cap Oscar Pereira(1), Cap Helio Hey (2), Cap  Paulo Glassester Dornelles(3), 1º Ten Enio Meisner(4).  Auxiliares:  Sub-Ten Deodoro da Fonseca Lerina (Depósito de Material, Armamento, Fardamento), depois Sub-Ten Cachoeira; 1º Sgt Santos(Sargenteante1), depois  2º Sgt Jairo Monson  de Souza, 3º Sgt José Visentini-pqd(Instrução), 2º Sgt Anselmo-pqd(Instrução), 3º Sgt Bugges,  Rancho:  1º Sgt Ivo da Silva(Chefe Rancho), 3º Sgt Otávio Pachera(Adm. de Rancho), 3º Sgt Valério Dondoni. Enfermaria: 3º Sgt Lauro da Silva Rocha, 3º Sgt Jorge. Barbearia: Sr Augusto e José Carlos.

c – Oficinas Produtoras:
   Cap Rodrigo Otávio da Silva(Chefe Geral)
c1 – Recepção e Expedição de Motores: 1º Sgt Adalberto Correia da Rosa e 2º Sgt Eric Ricardo Werberich, 3º  Sgt Hermes Bressan , depois  Montagem de Motores.
c2 – Desmontagem e Lavagem de motores: 3º Hermes Bressan
c3 – Retifica e Ajustagem: 3º Sgt Jairo Monson  de Souza, 3º José Eloy da Luz, 3º Sgt Lélio Barbosa Schultz,  Cb Aderico Enderle.
c4 – Prensa e Preparo p/Retificaçao: 2º Valdomar Kaiser, 2º Sgt Paulo Souza, 3º Sgt J. Alencar.
c5 – Montagem de Motores: 2º Sgt Alcides Ferraz Flores, 2º Sgt Germano José  Bortoluzzi,, 3º Sgt Enio Ubirajara Lima, 3º Sgt Hermes Bressan. 3º Sgt José Carlos da Silva Ávila(mais tarde chefe da Linha de Montagem; Prensa, Retifica, Montagem de Motores e Amaciamento/Dinamômetro)
c6 – Amaciamento de Motores: 2º Sgt Paulo Soares, 3º Sgt Irone José Liberali. Cb Antonio Pereira Piuga.
c7 – Usinagem: 1º Sgt Armando Schneider, 1º Sgt Élio D’Ávila Pedroso, 2º Sgt Agnelo Gonçalves de Abreu,   2º Sgt Amir Nobre Pereira, 3º Sgt Nilvon Paulo Zanini, 3º Sgt Onélio Amaro Schnor, 3º Sgt Adão, Cg Regis.
        Oly Gonçalves , Cb Abreu
c8 – Ajustagem de Peças e Conjuntos: 3º Sgt Adasir João Possebon, 3º Sgt Antonio Ipiranga Pinto, 3º Sgt Newton Magalhaes Ferreira  e outros.
c9 – Eletricidade de Veículo: 3º Sgt Zonta, 3º Sgt Libório Kummer, outros
c10 – Instrumentos de Painel: 3º Sgt Lorenzoni, 3º Sgt Manoel Gabriel Sobrinho, 3º  Sgt  Osmar.
c11 – Manutenção e Apoio: 1º Sgt Arnaldo Almeida, 2º Sgt Cercal,  2º Sgt Sidonal, 3º Sgt Muniz Rodrigues da Silva, 2º Adão Ferreira Aguiar, 
c12 – Almoxarifado: 1º Sgt João Nunes, 2º Sgt Lauro da Silva, 2º Sgt Almirante, Cb Pinto, 3º Sgt Nascimento, Cb Raul.
c13 – Chapeamento: 2º Sgt Gonçalo, 2º Sgt Trigueiro, 3º Sgt Souza, 3º Sgt Neni Soares de Lima, 3º Sgt Grimalldi, 3º Sgt Pedroso
c14 – Montagem Especial: 2º Sgt Wilson de Araujo Pedroso, 2º Sgt Paulo Souza
c15 – Secção de Blindados: 3º Sgt José Jaworski, 3º Sgt Dotto, 3º Sgt Aldenir dos Santos Pardo, Cb Olávio Pinheiro de Sá,  Cb Mário Altissimo Padoin
c16 -  Secção de Apoio: 1º Sgt Adair Luiz Machado, depois 2º Sgt Ney Barcellos Marques, 3º Sgt  Pedroso, 3º Sgt Madeira, 2º Sgt Nei Barcelos Marques.
c17  - Recuperação de conjuntos  e  acessórios: 3º Sgt Mário Eduardo Barriles, 3º Sgt Adasir João Possebon, 3º Antonio  Ipiranga Pinto, 3º Sgt Newton M. Ferreira.
d -  Secão Técnica:
2º Sgt Roberto Kniest, 3º Sgt João Giraldi e outros
e -  Seção de Registros,  Orçamento, Planejamento e Outros:
 2º Sgt Anselmo Swing, 3º Sgt João Camiá, Cb Mussói,, 
f - 
f – Oficinas Auxiliares:
      Chefe: Cap Ataídes, depois  1º Ten José Correia
      f1 – Secção de Baterias: 2º Sgt/1º Sgt José Nunes de Oliveira(1), depois 2º Sgt Josué Picinni (2) e Cb  Jonas
      f2 – Estofaria/Correaria: 2º Sgt Adriano Gomes, 3º Sgt Martinho e outros
      f3 -  Marcenaria/Carpintaria: 3º Sgt Ari Carlos Bins, Cb   Elias
      f4 – Fundição/Ferraria: 1º Sgt José Benatti, 2º Sgt Nilson Sebalhos, 3º Sgt Anselmo Girolete 
             Bairros, 2º Sgt Darci Ilha Godoy; 1º Sgt Raymundo Dias Correa
    f5 -  Secção de Pintura: 3º Sgt Fernando Sperandio, 3º Sgt José Correia,  Cb  Ilo Ziegler
    f6 – Garagem de Viatura Pesadas: 1º Sgt  Getulio Cechim,  depois 2º Sgt Germano José Bortoluzzi, 3º Sgt  Alceu Bueno,  Cb Pedro Rafael Svein

    g – Secção de Transporte
          3º Sgt Juarez(1), 3º Sgt Bueno(2), Cb Geni, Cb Pedro Rafacb  Svein, Cb Scherer, Sd Odone e outros
h – Secção de Obras:
2º Sgt Pedro Alves(Gancho), 2º Sgt Adão Severo, Cb Rodrigues
i – Produção de Hortigrangeiros:
Cap Santiago, depois 1º Ten Ademar Rodrigues, 3º Sgt Copatti, Cb e Sd.
  
       Em virtude de ter já passado mais de meio século, muitos nomes foram omitidos  ou escrito de forma incorreta, mesmo assim é possível confrontar o efetivo de pessoal daquela época com o existente atualmente. Houve um significativo aumento na construção de novos prédios e, consequentemente, no número de serviços prestados, exigindo, é claro, um contingente de pessoal bem maior.
       Naquela época o forte dos serviços do Parque se concentrava na recuperação de motores, em  veículos sobre rodas e pequenos reparos em Carros Blindados, inclusive seu motor radial. Era o início da preparação de uma secção mais ampla e equipada para atender uma demanda maior na linha de blindados.
       Durante sua existência, o Parque tem primado pelo bom relacionamento entre superiores e subordinados sem descuidar da hierarquia e disciplina no recinto de trabalho. Esta postura gerencial conquistou a simpatia de seus integrantes que têm retribuído com serviços de melhor qualidade e mais produtividade.
       O Parque se diferencia de outras Unidades pela natureza de suas atividades que estão mais voltadas à manutenção de veículos que na preparação de combatentes. Os conscritos que ingressam na Unidade, o fazem através da Cia de Apoio e recebem  instrução básica num curto período, findo o qual são direcionados à linha de produção. Este nível de instrução  no serviço  militar confere ao egresso o Certificado de Reservista de 2ª Categoria e não de 1ª como o concedido aos incorporados em corpo de tropa que tem instrução integral.
       Nessa caminhada de cumprimento de seus objetivos, atingindo suas metas propostas, o Parque tem-se considerado uma das melhores Unidades para servir.  Outros, vão além, afirmando em depoimentos ostensivos, que é a melhor Unidade do País. Este clima de entendimento tem levado seus seguidores a acreditar na geração de uma nova família – A Família Parqueana
        Para que este vínculo de família não se desfaça, com a transferência para outra Unidade ou para a Reserva, foi instituído um evento denominado “Encontro da Família Parqueana” que se realiza duas vezes por ano. Esta iniciativa partiu do Ten Dilvio. Sua coordenação inicial esteve a cargo do Ten Barreto e, atualmente, com o Sub-Ten Osiris. O local de realização iniciou no recinto do PqRMnt/3, próximo ao Corpo da Guarda, passando, mais tarde, a ser realizado no Restaurante do Clube Recreativo Estância do Minuano, mediante convite de adesão para o almoço.
        O bom humor da tropa tem-se mantido em clima de boa convivêcia, graças à criatividade e  talento dos contadores de “causos”, anedotas e piadas, originados de fatos reais ocorridos na Unidade. A seguir, relata-se algumas passagens históricas, pitorescas e surpreendentes, sem qualquer intenção de  diminuir ou desqualificar seu protagonista.

Campanha Frustrada
    “ A Diretoria do Grêmio 1º de Julho foi informada que um de seus associados – Sgt Madeira, estava passando por dificuldade e sua família estava se alimentando mal, devido a sua má situação financeira. Foi realizada, então, uma campanha – “vaquinha” para arrecadar numerário, envolvendo todos os integrantes do Parque. A importância arrecadada foi entregue ao necessitado em reunião formal.  No dia seguinte soube-se que o beneficiado, do qual se esperava que trouxesse alimento para seus filhos, aparece em casa com um Televisor Colorido, recém lançado no mercado, sendo o 1º a adquirir este tipo de aparelho dentre os associados!  A indignação tomou conta dos colaboradores”

Delação gratuita
 “ Na época da Legalidade, durante um intervalo nas Oficinas Produtoras, um grupo de Sargentos discutia os rumos da política, cada qual emitindo sua opinião sobre os fatos que vinham ocorrendo em Porto Alegre, diante da manifestação do Gen Machado Lopes. No dia seguinte, dois Sgts do grupo foram intimados a comparecer diante do DOPS para prestar esclarecimento sobre suas declarações do dia anterior. E agora, José ? Quem foi o delator? – Mais tarde, após investigação, foi identificado, mas negou sempre”

Revólver Plástico
“ Ainda na Legalidade, quartéis em prontidão, a mídia recomendava que ninguém portasse arma de fogo em lugares públicos. Um Sgt do Parque foi ao Bar do Figueiró, Av. Borges, esquina Rua V. Aires, e percebeu que um de seus clientes portava um revólver 38 e, de imediato comunicou o fato a Policia Repressora que cercou o Bar e passou a revistar a todos. Tal foi  a surpresa dos policiais ao se deparar que se tratava de um revólver de brinquedo – Plástico. O denunciante não sabia como esconder a cara a tamanha vergonha ! “

Incêndio no CS4
“ Certa noite de verão estava de -Sgt de Dia - o 1º Sgt Raymundo, cearense da gema, com todo seu linguajar nordestino. Às 21 horas veio um soldado da guarda, às pressas,  pedir ajuda para debelar as chamas de um incêndio que se irrompia no CS4, ocasião em que, ao invés de se preocupar em combater o incêndio, ordenou ao Sd que saísse correndo para resgatar o Livro de Partes para poder registrar a ocorrência no dia seguinte”

Extorsão mal sucedida
“ Em meados de 1965,  o DETRAN  iniciou uma campanha nacional para emissão da CNH padronizada e, para isso, solicitou apoio ao Diretor do Parque que liberou um motorista experiente para fazer os testes de condução de veículo em ruas da cidade. Dentre os candidatos a obtenção do documento, havia uma senhora, repetente, que não conseguia aprovação no teste, ao tentar a parada e a  partida na rampa da Rua Duque de Caxias, esquina Rua Silva Jardim. Em não conseguindo vencer este obstáculo, o militar propôs um procedimento ilícito, aprovar o candidato em troca de certa importância em dinheiro. Fez o pagamento, porém, ao chegar em casa comunicou o fato ao seu marido, um Cel do Exército. Resultado, ganhou 8 dias de folga no Xadrês”

A farsa do Desenho Técnico
 “ No inicio de 1967, dois Sgts do Parque tinham permissão do Diretor  para frequentar  curso superior. Um deles, Faculdade de Odontologia; outro, Faculdade de Medicina, os quais compensavam em outros horários. Além destes, outro Sgt, foi aprovado no Vestibular do Curso de Engenharia da UFSM, o qual passou a frequentar as aulas em horário noturno em 1965 e 1966. Em 1967 o curso noturno foi extinto, permanecendo apenas o diurno. O Sgt obteve permissão para estudar durante o dia, nas mesmas condições dos acadêmicos de Odonto e Medicina. Mesmo com este benefício, solicitou ao Diretor permissão também para assistir  aulas extras de Desenho Técnico para recuperar notas baixas. Certo dia o Sgt saiu de manhã para assistir suas aulas extras, mas foi surpreendido por um oficial do Parque jogando sinuca no Bar do Pezzi na 1ª quadra. Resultado: Foram canceladas todas as licenças  para estudar durante o expediente. Consequência: Um dos  Sgt deu baixa para  poder continuar no Curso de Odonto. O outro, foi transferido para  outra unidade. O trapalhão prejudicou não só a si próprio, como também  seus colegas”

Transferência, somente por permuta
 “  Em razão do corte de licença antes referenciado, houve  uma predisposição de muitos militares em sair da Unidade afim de  buscar uma oportunidade de estudar um curso superior. Os requerimentos com pedido de transferência eram encaminhados com o despacho: “Autorizo o pedido de transferência desde que sua vaga seja preenchida por outro profissional de  mesma qualificação”. Percebendo que essa rotina não beneficiava os requerentes, um dos prejudicados quis se valer de forças espirituais, procurando um Centro Espírita. Ao ser informado do método utilizado para sensibilizar o chefe, que era o uso do seu nome, ocasião em que o “Preto Velho” perguntou ao consulente qual era o 1º nome do Chefe. – Respondeu, Marcos. O PV teve um acesso de tosse, deu uma espirrada e disse: “Este nome está protegido, pois é o nome de um dos Apóstolos de Cristo”. Sugeriu, então,  que dissesse o segundo nome,  se houvesse. O segundo nome dele é Jesus, respondeu o consulente. O PV deu uma cuspida e descarregou:  “ Não podemos fazer nada pelo senhor. O homem é superprotegido. Procure outros meios”

Cel Aroldo e seus hábitos
“ Na transferência do Parque, de Porto Alegre para Santa Maria, estava incluído no quadro de pessoal o Cel Aroldo, especialista em conserto de Máquinas Ferramentas, sendo solicitado sempre que um  equipamento sofria uma pane. Era costume trazer um banco baixo, uma caixa de ferramentas e um pequeno bastão e seguir um ritual ao iniciar seu trabalho. Sua primeira providência era examinar ao redor da máquina em pane se havia no chão alguns objetos que se assemelhassem ao formato de uma cruz. Era o momento de usar seu bastão para descaracterizar os vestígios de cruz, espalhando tais objetos. Em sabendo desse costume, antes de cham-lo para um conserto, o Sgt Nilvon Paulo Zanini, sempre aprontando as suas peripécias, se encarregava de espalhar palito de fósforo nas redondezas e ficar de tocaia para ver e  ouvir os resmungos e xingamentos do Cel Aroldo”

As ameaças dos ventos
“ Nos primeiros anos da construção do Prédio das Oficinas Produtoras, tornou-se frequente a ação de ventos fortes(Tornado, redemoinho, pé de vento, ciclone) arrancar parte do telhado do  prédio nas imediações do Almoxarifado. Tal fenômeno vinha desafiando os engenheiros e técnicos que recomendavam reforçar a estrutura acima dos limites de tolerância.  Mesmo assim continuava afetando outros prédios construídos daquele modelo. Algumas argumentações técnicas apontavam para a topografia do terreno que facilitava a canalização  dos ventos que provocavam o efeito de bomba de Flit”

Pontilhão sobre o Arroio Cadena
“ No início da instalação do Parque, o acesso se dava pela Rua Ernesto Beck, passando sobre um   pontilhão no Arroio Cadena. Devido ao intenso uso e a ação do tempo, principalmente às  enxurradas, aquela obra foi se deteriorando, havendo necessidade de refazê-la. Foi constituída uma  equipe de trabalho, sob o comando do Maj Danilo do Couto Camino, Sub-Diretor, auxiliado pelo Sgt Pedro, Cb Rodrigues e outros.  O transito foi desviado para a Rua Venancio Aires para dar continuidade a obra.  A reconstrução vinha se atrasando devido à instabilidade do solo(arenoso), exigindo estacas mais profundas em busca de solo firme. As escavações eram frequentemente interrompidas devido ao mau tempo, principalmente pela forte correnteza que entupia as valas com areia e lixo. Esta demora forçou a utilização do acesso pela Rua Venancio Aires e a obra ficou em  compasso de espera”

As aventuras do Pedrosinho
“ Um Sgt do Parque, estudante do turno da noite do Colégio Manoel Ribas, enamorou-se da Secretária da escola cuja família morava em Nova Palma. Numa de suas idas àquela cidade, fez amizade com integrantes do time de futebol da localidade, ocasião em que combinou uma partida de futebol com o time do Parque. Determinado domingo, pela manhã, partiu de Santa Maria o caminhão ford da Unidade, dirigido pelo Cb Geni, cedido pelo Diretor, levando o time do Parque até Nova Palma,RS. Lá chegando e enfrentando um forte calor, os ocupantes do veículo, seguindo pelas margens do Rio Soturno, não resistiram a tentação das águas transparentes  que convidavam a um mergulho refrescante. Um dos atletas, Sgt Pedroso,  saltou do veículo, colocou a roupa de banho e se jogou na água, dando um mergulho sem antes avaliar a profundidade da água. Teve uma ilusão de ótica e se jogou num monte de pedregulho, ralando-se todo, indo da testa, rosto, peito, barriga e coxas até os pés. Resultado, foi imediatamente levado  ao pronto socorro local que lhe aplicou mercúrio e esparadrapo nas partes raladas, parecendo-se mais com um Frankstein. Sua alegria ao chegar se transformou em martírio ao retornar”

Ambulância Voadora
“ Havia um depósito de carrocerias de ambulância no interior das Oficinas Produtoras enquanto aguardavam  recuperação do seu motor e do conjunto de transmissão e suspensão. Ficavam suspensas sobre cavaletes, permitindo a fácil  movimentação por empilhadeira. Uma delas ficava próximo à  bancada  de Montagem de Motores do Sgt Bressan  que a utilizava para estudar nos intervalos ou no fim do expediente quando concluía sua meta de montar 3 motores por dia. Num fim de expediente, o Sgt Sidonal percebeu que alguém estava no seu interior, resolveu fazer uma brincadeira com seu  ocupante. Suspendeu a carroceria com a empilhadeira na posição de elevação máxima e fez uma volta no interior das Oficinas, chamando a atenção de todos que assistiam àquela cena inusitada. Descarregavam  gargalhadas ao verem aquela ambulância voar perto de sua secção. Não passava de uma brincadeira sadia, mas com risco de acidente”

Curso de Maquinista
“ Após a Revolução de 31 de março de 1964, houve interesse da cúpula militar em treinar pessoal do Exército para conduzir veículos ferroviários. Presume-se que tal iniciativa tenha surgido para evitar a retenção de cargas destinadas a operação militar motivada pelas recorrentes greves dos ferroviários. Nesta situação, as manobras de pátio e pequenos deslocamentos das composições, poderiam ser executadas por pessoal estranho à ferrovia desde que tivessem autorização da chefia da área operacional de RFFSA. Foram indicados para esta operação os Sgts: Gonçalo, Jaworski e Martinho, os quais passaram a acompanhar  os experientes maquinistas na condução de locomotiva a vapor em percursos nas proximidades de Santa Maria. Neste breve espaço de 3 meses, não havia tempo suficiente para habilitar principiantes a conduzir trens, por isso, não passaram de meros acompanhantes”

Caçando Perdiz - Atira Major
" No Parque havia um 2º Sgt aficcionado em caça de perdiz e era bom de portaria. Tinha arma calibre 20 e um cachorro bom farejador, bem treinado, e dificilmente errava tiro no vôo(Tiro disparado em perdiz correndo no campo dizia-se: tiro no pio). Havia também um  Major que saia junto para caçar, mas era mal de pontaria. Errava quase todos os tiros disparados.  Quando a perdiz alçava vôo, o Sgt dava-lhe a oportunidade de tiro dizendo: Atira Major ! Ao perceber que havia errado o tiro, disparava sua calibre 20 e atribuía o mérito ao Major. Por esta razão ganhou o apelido de "Atira Major" "

Motor esférico do Sgt Zanini
“ O 3º Sgt Nilvon Paulo Zanini exercia suas funções nas máquinas operatrizes das Oficinas Produtoras onde gostava de satisfazer suas curiosidades de professor pardal. A todos os momentos vinha mostrar seus produtos inventados e gerados com recursos não existentes nas antigas máquinas. Ele mesmo criava seus dispositivos para geração de peças especiais como produção de rosca de passo não padronizado, afiadores de ferramentas e outros. Dentre suas criações, resolveu construir um motor esférico, compacto, usando 2 hemisférios, com possibilidade de fornecer 400 CV. Sua ideia inicial era utilizar o sistema de combustão do motor diesel – auto combustão, isto é, sem o  uso de velas de ignição. Construiu as partes e foi montando e ajustando a movimentação das peças dentro da concepção do projeto. Na 1ª tentativa não ocorria a explosão, sendo necessário instalar vela de ignição. Em sabendo do seu feito, o ITA – Instituto Tecnológico da Aeronáutica – ofereceu uma oportunidade para mostrar seu trabalho e desenvolver outros projetos. Logo retornou ao Parque trazendo alguns conceitos de funcionamento daquele modelo, acreditando sempre no sucesso do seu invento. O projeto não decolava, por isso solicitou apoio ao Eng. Bressan, formado pela UFRGS em 1970, que examinou a concepção do futuro motor e percebeu que não se vislumbrava sucesso naquele modelo. Contrariava alguns princípios  básicos da transmissão e dissipação de calor gerado, relação entre potencia e o tamanho da máquina inconsistente, falta de vedação entre as  peças que se movimentam entre si, deformação dos componentes devido ao calor não controlado e  outros. Procurou-se deixar claro que o projeto tem seu valor como ponto de partida para outros inventos de modo a não cercear seu entusiasmo na pesquisa de outros projetos. O referido invento entrou em compasso de espera, isto é, não prosseguiu”


Atletas parqueanos em Jaguari
“ O Cabo Scherer era  um  aficionado em  futebol  e se enamorou da filha do Agente da Estação Ferroviária de Jaguari,RS, e, numa de suas visitas àquela cidade, combinou com os atletas jaguarienses a realização de um confronto futebolístico. A delegação do Parque fretou um ônibus da Empresa Barin Ltda e partiu para a terra das Belezas Naturais, estacionando o veículo na frente do Bar Marcon, ao lado do Cine Teatro Ideal, hoje transformado em supermercado. Ali a delegação foi fotografada conforme foto postada abaixo, bem como foto da equipe parqueana, com uniforme de jogo, também aqui postada. O resultado no campo foi favorável aos donos da casa, restando aos visitantes a lembrança de um bom encontro de confraternização. Eis as fotos:   


1-Lauro; 2-Bressan; 3- NI; 4-Quirino; 5-NI; 6-NI; 7-NI; 8-Pedro Alves; 9-Armando Schneider; 10-Bueno; 11-NI; 12-Nardin; 13-Lúcio; 14-Ari; 15-NI; 16-NI; 17-NI; 17A-Pinto; 18 Ely; 19-NI;20-Muniz,; 21-Schener - 22-NI; 23-NI; 24-NI; 25-Martlinho; 26-Cesar; 27-Otacilio; 28-NI; 29-Paulo Soares; 29A - Liberali; 30-NI; 31-NI;   Obs: NI=Não Identificado. 

1- Martinho; 2-Muniz; 3-Neves; 4- Geni; 5- Barcelos; 6-Cesar; 7-Liberali; 8-Bressan; 9-Padoin; 10- Jandir; 11- Soel.

                                          ********

      CESO - Centro Social e a inadimplência
      " O Parque montou, junto ao Refeitório das Praças, um mini-mercado contendo produtos de 1ª necessidade  como arroz, feijão, massa, farinha, açúcar, mais uma linha de guloseimas, refrigerantes e algumas bebidas quentes. Havia um Sgt administrador e uma equipe de apoio que fazia as compras, atendia no balcão e fazia cestas básicas para atender as encomendas dos consumidores. Ao fim do espediente o comprador transportava os produtos já embalados para consumir em sua casa. Todas as compras eram realizadas para pagamento no fim do mês, através do desconto em  folha de pagamento. 
       Seu funcionamento teve curta duração devido ao endividamento contumaz de alguns descontrolados consumidores que ultrapassavam o limite de desconto do seu soldo. O capital de giro desapareceu nas mãos dos inadimplentes, não havendo outra saída senão seu fechamento. 

     Granja de hortigranjeiros do Parque
" Devido a grande área disponível nas imediações da OM, foi permitido explorar uma grande horta com diversos tipos de hortigranjeiros, aliviando os custos de preparação dos alimentos consumidos no rancho da OM. Havia, inclusive, crianção de aves, suinos, peixes e outros, em áreas fechadas e protegidas. No decorrer do tempo, com a saída de pessoal  entendido nessa área, não houve reposição de pessoal qualificado em  agrícultura  para  tornar a atividade auto-sustentadada, resultando na  sua desativação." 




3 comentários:

  1. Quem tiver alguma estória ou história interessante e quiserdivulgá-la, use este espaço.

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  2. Sou o então sgt Zanini, hoje com 83 anos e desejo contribuir com algumas correções que serão úteis para que a real história não se perca por pequenos detalhes.
    1) O inventor do motor esférico rotativo é o Cel Mário Miranda Junior.
    Este motor esteve na FNM (feneme) por três e não foi devolvido por tratar-se de uma impossível construção devido á falta de recursos dos equipamentos na época. Não me avisaram que era impossível, me pagaram a missão, eu criei as condições, fui assumindo a paternidade da criança e a cumpri . O comandante, Cel Marcos de Jesus Pereira Porto, criou um laboratório para que se fizesse a pesquisa de usinagem apenas.
    A pesquisa de materiais, arrefecimento exaustão etc...se faria em outras etapas Escolhi entre os cabos das oficinas produtoras, como auxiliar o cabo Mário Regis que era um exímio operador de máquinas (e que sonhava com a solução dos grandes problemas) tal o grau de preocupação e comprometimento com o projeto.
    Partimos de um protótipo em madeira, fizemos desenhos, fundição, usinagem, montagem etc... Resolvemos faze-lo funcionar e quando aconteceu houve um grande entusiasmo da maioria dos integrantes do Parque. Vários detalhes foram otimizados aqui na UNICAMP, para onde eu e o motor fomos trazidos pelo então reitor Zeferino Vaz.
    Fui transferido para Campinas, passei à disposição da UNICAMP onde lecionei 17 anos no Colégio Técnico, paralelamente às pesquisas.
    Criou-se o CPE, Centro de Pesquisas Especiais onde outros motores foram pesquisados, além de inúmeros outros projetos. O Cel Porto passou a fazer parte do grupo (CPE) quando foi para a reserva.

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  3. Eng. Hermes Bressan - 29/12/2023 - 18,12h
    Por acaso resolvi dar um passeio no Blog dos Parqueanos e tive a agradável surpresa de ler tua observação esclarecedora da trajetória de um projeto desafiante. Mesmo que não tenha chegado a um propósito desejado, o mérito da invenção não perde o brilho da idéia precursora do invento nem desqualifica seus idealizadores. Alegra-me em ter o retorno de minhas abordagens, as quais reativaram a memória daqueles que tiveram o privilégio de servir no Parque. Forte abraço.

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